O ouro ilegal está rapidamente se consolidando como uma das atividades criminosas mais lucrativas da América Latina, superando até mesmo o narcotráfico em países como Peru e Colômbia. Impulsionado por uma valorização recorde — com a onça do metal se aproximando de US$ 3.500 — o setor se transformou em um canal estratégico para lavagem de dinheiro, financiamento de organizações ilícitas e investimento de baixo risco para o crime organizado.
Exportações manchadas:
Dados recentes apontam que cerca de 44% das exportações de ouro do Peru em 2024 tiveram origem ilegal, movimentando aproximadamente US$ 4,8 bilhões. Em países vizinhos, como a Bolívia, o cenário não é diferente. Cooperativas supostamente “sem fins lucrativos” operam em áreas ambientalmente protegidas, muitas vezes com a conivência das autoridades locais. A estrutura dessas operações frequentemente se sobrepõe à de redes de narcotráfico, compartilhando rotas, logística e mecanismos de corrupção institucional.
Estado ausente, crime presente:
O crescimento desse mercado ilegal se dá, em grande parte, graças às brechas regulatórias e à ausência de fiscalização efetiva. Programas como o REINFO, criado pelo governo peruano para formalizar pequenos mineradores, fracassaram em alcançar resultados práticos. Enquanto isso, a mineração clandestina segue devastando ecossistemas e comunidades, especialmente na Amazônia, agravando crises ambientais e sociais.
Nova lógica criminal:
Diante dessa nova realidade, o ouro deixou de ser apenas um recurso mineral e passou a ocupar o centro de uma complexa teia de interesses criminosos, onde o lucro fala mais alto do que a legalidade. A substituição da cocaína pelo metal precioso em muitas regiões não representa uma queda na violência ou no poder do crime, mas sim uma mudança de estratégia que exige respostas mais eficazes e integradas dos governos da região.
por: Lucas Aranha - Not Journal
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