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Dor no peito que não passa, fala enrolada ou perda súbita de força em um dos braços são sinais clássicos de emergências médicas graves. Em situações como essas, cada minuto de atraso pode custar a vida do paciente ou deixar sequelas irreversíveis. Infartos, acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e outras condições críticas exigem atendimento imediato em serviços de alta complexidade, com profissionais preparados, protocolos ágeis e tecnologia de ponta.“Essas são condições tempo-dependentes. A rapidez com que se reconhece o quadro e se inicia o tratamento é diretamente proporcional à chance de sobrevida e à qualidade funcional do paciente depois da alta”, afirma o neurologista Jamary Oliveira Júnior, especialista em doenças cerebrovasculares que atua no Hospital Mater Dei Salvador (HMDS), onde também coordena a UTI Neurológica e o Centro de Pesquisa Clínica.No Brasil, o AVC continua sendo uma das principais causas de morte e incapacitação. “Ao perceber boca torta, fala enrolada ou dificuldade para levantar um dos braços, a pessoa deve ser levada imediatamente ao hospital. Não se pode esperar. Hospitais com protocolos especializados aceleram o diagnóstico, iniciam trombólise precoce e, quando necessário, realizam procedimentos de desobstrução dos vasos cerebrais”, explica Jamary, que é professor titular de Neurociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA).A estrutura hospitalar e a capacitação das equipes também são fatores determinantes. O Hospital Mater Dei Salvador, por exemplo, conta com uma UTI Neurológica com neurointensivistas, o que permite um atendimento contínuo desde a emergência até o pós-crítico. “Em casos de AVC, o tempo de resposta define o futuro funcional do paciente. Agir rápido é salvar vidas e histórias”, reforça o neurologista.Cada minuto conta - No infarto agudo do miocárdio, a situação não é diferente. Segundo a cardiologista Marianna Andrade, coordenadora do serviço de Cardiologia do HMDS e professora da Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP), o “tempo porta-balão”, entre a chegada do paciente ao hospital e a desobstrução da artéria, é uma das métricas mais importantes da cardiologia de emergência. “Um eletrocardiograma feito em até 10 minutos e uma hemodinâmica ativa 24 horas são fundamentais. Quanto mais rápido for o desentupimento da artéria, menor o dano ao músculo cardíaco e melhor o prognóstico do paciente”, disse.A doutora em cardiologia destaca a importância da triagem precoce e da utilização de sistemas automatizados de alerta para dor torácica. “Hospitais que integram tecnologia à linha de cuidado conseguem acelerar a decisão clínica. E isso salva vidas”, destaca. “No infarto, a qualidade e a velocidade do atendimento evitam mortes e complicações permanentes”, alerta Marianna Andrade.Alta complexidade exige preparo - Após o atendimento inicial, muitos pacientes evoluem para internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), ambiente que exige não apenas tecnologia, mas equipe especializada. “A UTI é o centro de suporte à vida. Ali convergem os casos mais graves e os maiores avanços da medicina”, ressalta o médico intensivista Sulivan Hübner, coordenador do CTI do HMDS.O desafio está posto: garantir que todos os pacientes em situação crítica tenham acesso rápido a atendimento de alta complexidade. Quando isso acontece, a medicina faz o que sabe de melhor: salvar vidas.
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Cólicas intensas, dor na relação sexual e desconfortos intestinais são sintomas frequentemente minimizados na rotina de muitas mulheres. Mas esses sinais podem esconder uma condição séria: a endometriose, uma das principais causas de infertilidade feminina — condição que, embora grave, pode ser superada com diagnóstico precoce e tratamento adequado. Estima-se que cerca de 10% das brasileiras em idade reprodutiva convivam com a doença, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE).
Em muitos casos, a endometriose está diretamente ligada à dificuldade para engravidar. A professora Fabiane Souza Lima Medeiro (39) conhece bem esse caminho. Logo após o casamento, em 2023, passou a sentir dores frequentes e intensas. “Logo percebi que havia algo errado. As dores não eram normais e começaram a interferir no meu dia a dia. Tive muito medo de não conseguir engravidar”, conta. O diagnóstico inicial apontou um mioma uterino, mas os exames também mostraram sinais de endometriose. A cirurgia para retirada do mioma foi necessária e acabou mudando sua trajetória.
Fertilidade afetada - A endometriose é uma doença inflamatória provocada pela presença de tecido semelhante ao endométrio (camada interna do útero) fora da cavidade uterina. Essa condição pode causar aderências, afetar os ovários, as trompas e outros órgãos pélvicos, dificultando ou até impedindo a fecundação natural.
“A inflamação constante e as alterações anatômicas provocadas pela endometriose dificultam o encontro do óvulo com o espermatozoide, além de afetar a implantação do embrião”, explica o cirurgião Marcos Travessa, cirurgião pélvico e coordenador do Núcleo de Cirurgia Ginecológica do Instituto Brasileiro de Cirurgia Robótica (IBCR).
Além das consequências físicas, o impacto emocional é grande. “A paciente muitas vezes passa anos em busca de um diagnóstico, e quando chega até nós, já traz não apenas dor física, mas medo, frustração e insegurança sobre a possibilidade de ser mãe”, afirma a cirurgiã ginecológica Gabrielli Tigre, também do IBCR.
Diagnóstico precoce - Especialistas reforçam que o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para preservar a fertilidade da mulher com endometriose. Infelizmente, o tempo médio até a confirmação da doença pode chegar a 10 anos. “O atraso no diagnóstico dificulta o tratamento e compromete o futuro reprodutivo. Toda mulher com dor intensa e recorrente precisa ser investigada com atenção”, alerta Gabrielli Tigre. Ainda segundo a especialista, quebrar o tabu e falar abertamente sobre a doença é parte da solução. “Normalizar a dor é o que adoece essas mulheres. Quando elas são ouvidas e acolhidas, podem encontrar caminhos de superação e cura”, conclui.