ONU alerta para desigualdade no acesso à saúde no Dia Internacional para Acabar com a Fístula Obstétrica

Nesta sexta-feira, 23 de maio de 2025, o mundo marca o Dia Internacional para Acabar com a Fístula Obstétrica, uma data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de conscientizar sobre uma das lesões mais graves e negligenciadas que afetam mulheres em situação de vulnerabilidade: a fístula obstétrica.

A condição ocorre principalmente em partos prolongados e sem assistência médica adequada. A pressão contínua do trabalho de parto pode causar uma ruptura entre a vagina e órgãos como a bexiga ou o reto, resultando em incontinência urinária e/ou fecal permanente. A consequência é o isolamento social, estigmatização e profundo sofrimento físico e psicológico.

Segundo estimativas da ONU, mais de 2 milhões de mulheres vivem atualmente com fístulas não tratadas em países em desenvolvimento, e entre 50 mil a 100 mil novos casos surgem a cada ano — todos considerados evitáveis com acesso adequado a serviços de saúde.

A edição de 2025 da campanha global promovida pelas Nações Unidas adota o tema “Acabar com a fístula até 2030: investir em saúde reprodutiva é investir em dignidade”, reforçando o compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente no que diz respeito à saúde materna e igualdade de gênero.

Embora a fístula obstétrica seja considerada praticamente erradicada em países com sistemas de saúde estruturados, ela persiste com força em regiões onde há carência de pré-natal, alta incidência de casamentos infantis e partos domiciliares não supervisionados. Em muitos casos, meninas adolescentes são as mais afetadas.

No Brasil, os casos são raros, mas ainda existem. Estudos identificam maior incidência em áreas remotas do Norte e do Nordeste, onde o acesso à assistência obstétrica emergencial é limitado. A cirurgia corretiva costuma ser eficaz, mas o estigma e a falta de apoio social agravam o quadro para muitas vítimas.

Organizações como a Fistula Foundation e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) apoiam centros de tratamento e capacitam equipes médicas para realizar procedimentos reparadores e ações de reintegração social. Além do tratamento físico, há um forte componente de acolhimento emocional, reeducação e empoderamento dessas mulheres.

O Dia Internacional para Acabar com a Fístula Obstétrica é, sobretudo, um apelo à justiça reprodutiva. É um lembrete de que o direito ao parto seguro e digno ainda está longe de ser realidade para milhões de mulheres. Investir em saúde materna, educação e combate à desigualdade é o caminho para transformar essa realidade e garantir que nenhuma mulher seja deixada para trás.


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