Alerta Máximo: Amazônia se Aproxima do Ponto Crítico de Savanização, Diz Carlos Nobre

O renomado meteorologista e pesquisador Carlos Nobre alertou em entrevista à CNN Brasil que a Amazônia está perigosamente próxima de atingir um ponto crítico de degradação ambiental, o que pode levar a um processo irreversível de savanização do bioma. Nobre, pioneiro nos estudos sobre o tema, adverte que a perda de 70 por cento da floresta é um risco real e pode comprometer os "rios voadores", essenciais para a chuva em grande parte da América do Sul.

Com estudos iniciados no final da década de 80, Nobre recorda que na época a Amazônia tinha apenas 7 por cento de sua área desmatada. Hoje, a situação é drasticamente diferente: a taxa de desmatamento atinge entre 17 por cento e 18 por cento de toda a região e, na porção brasileira, o índice chega a 22 por cento, mais do que o triplo do registrado há décadas.

O pesquisador afirma que, na vasta área de 25 milhões de quilômetros quadrados que abrange o sul do Pará, norte do Mato Grosso, sul do Amazonas, Acre, Rondônia e Bolívia, as mudanças já são visíveis. "Em todo o sul da Amazônia, a estação seca já está de 3 a 4 semanas mais longa," alertou.

Carlos Nobre explica que o ponto de não retorno seria atingido com a persistência de índices de 20 por cento a 30 por cento mais baixos de umidade e uma elevação de 3 graus Celsius na temperatura. Se isso ocorrer, há o risco de 70 por cento da floresta amazônica ser perdida, transformando o bioma — a maior biodiversidade do planeta — em um ecossistema degradado.

Um dos maiores temores é o comprometimento do sistema de reciclagem de água da floresta, conhecido como "rios voadores". Este mecanismo natural é vital, abrangendo 45 por cento do vapor de água que entra na bacia amazônica e influenciando diretamente o clima de outras regiões. Os rios voadores são responsáveis por 40 por cento a 50 por cento das chuvas do Cerrado e contribuem com 30 por cento a 35 por cento das chuvas que abastecem o Sul do Brasil, Uruguai, Paraguai e Norte da Argentina. A perda da Amazônia, portanto, não representa apenas uma tragédia ambiental, mas um comprometimento direto da segurança hídrica e da economia de grande parte da América do Sul.

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