Tony Blair é cotado para liderar governo de transição em Gaza após eventual queda do Hamas

Desde o início da guerra em Gaza, desencadeada após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, o futuro do enclave palestino no cenário pós-conflito tem sido alvo de intensas especulações. Nesse contexto, o nome do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair (1997–2007) volta aos holofotes como possível governador temporário de Gaza, em um plano articulado pelo governo do ex-presidente Donald Trump.


Segundo a imprensa israelense, Blair está trabalhando ao lado de Jared Kushner — genro de Trump e ex-assessor sênior da Casa Branca — na formulação de um projeto para administrar Gaza após uma eventual deposição do Hamas. Ele lideraria a chamada Autoridade Internacional de Transição de Gaza (GITA, na sigla em inglês), um governo provisório com mandato de até cinco anos.


O modelo proposto se inspira nas missões internacionais que supervisionaram as transições políticas em Timor Leste e Kosovo. Inicialmente, a sede da GITA ficaria em El-Arish, cidade egípcia próxima à fronteira com Gaza, no norte do Sinai.


De acordo com o esboço do plano, o governador teria a função de presidir um conselho formado por sete membros, além de um secretariado com até 25 integrantes. Um representante palestino também estaria presente no conselho, embora ainda não esteja definido se ele seria vinculado à Autoridade Palestina, liderada por Mahmoud Abbas — ponto considerado sensível e frágil dentro da proposta.


Informações vazadas indicam que o plano exclui qualquer deslocamento forçado da população palestina. A missão central da administração temporária seria preparar o terreno para a entrega do poder a uma Autoridade Palestina reformada, autônoma e independente.


Aos 72 anos, Blair mantém relações próximas com autoridades de Israel e de países árabes, além de ter profundo conhecimento da geopolítica da região. No entanto, sua eventual nomeação enfrenta resistência entre os palestinos. Um dos principais motivos é sua atuação como aliado próximo do então presidente George W. Bush durante a controversa invasão do Iraque, em 2003 — baseada em alegações nunca comprovadas sobre armas de destruição em massa.


Após deixar o cargo de primeiro-ministro, em 2007, Blair foi nomeado enviado especial do Quarteto para o Oriente Médio (formado por ONU, EUA, União Europeia e Rússia), com o objetivo de apoiar a criação de um futuro Estado palestino — missão que acabou não avançando. Ele permaneceu na função até 2015.


Atualmente, Blair preside o Instituto Tony Blair para a Mudança Global. No mês passado, ele e Kushner participaram de uma reunião na Casa Branca, sinalizando o avanço das articulações políticas em torno da GITA.


A proposta de gestão para Gaza integra um plano de 21 pontos elaborado pelo governo Trump, apresentado na semana passada a líderes de países muçulmanos. Nesta segunda-feira (29), o plano também estará em pauta durante encontro entre Trump e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, em Washington.


Apesar das movimentações diplomáticas, o futuro de Gaza segue condicionado a um possível acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas, o que marcaria o fim de quase dois anos de conflito que devastaram o território palestino.

Notícia anterior
Jornalistas que cobrem Elon Musk têm contas no Twitter suspensas
Próxima notícia
Popó passa por cirurgia após fraturar mão em briga no ringue; retorno ao boxe deve levar dois meses
upload\05052025043848.jpegupload\05052025044326.jpeg

Notícias relacionadas